O trabalho diário do médico radiologista costuma ser corrido, sempre sob a pressão, tanto de gestores como dos próprios pacientes, que desejam resultados no menor tempo possível.
Nesse sentido, é importante que o médico entenda de gerenciamento de fluxos de pacientes, um conjunto de ações que visa otimizar o funcionamento de instituições médicas a partir da recepção.
Embora o médico radiologista não tenha, necessariamente, que realizar o trabalho de admissão do paciente, uma das etapas do fluxo, conhecer o processo de fluxo de pacientes o ajudará a desempenhar melhor o seu trabalho. Isso ocorre ainda que não seja um médico, e sim um técnico que realize os exames. Além disso, esse conhecimento facilitará o processo de integração com a sua equipe.
Aqui falaremos, principalmente, acerca do fluxo de pacientes, de ferramentas de gestão e do uso de alta tecnologia para gerenciar todo o percurso de um paciente em diferentes instituições médicas.
Fluxo de pacientes
O fluxo de pacientes é a movimentação de um paciente desde o momento da recepção.
O processo inclui o atendimento na recepção, a triagem, se for o caso, e os demais procedimentos, que podem variar de acordo com a situação do paciente, assim como em função da estrutura da instituição médica.
Por sua vez, o gerenciamento de fluxos de pacientes administra essas atividades, controlando a relação entre a capacidade de atendimento e a demanda real na instituição médica, seja ela uma clínica ou um hospital.
Assim sendo, os principais objetivos de gerenciar o fluxo é fazer a estrutura funcionar de forma coesa, o que evita desperdícios e a falta de recursos, tanto materiais quanto humanos.
Paralelamente, uma boa gestão trabalha para melhorar a experiência do paciente no ambiente hospitalar. Com o uso de ferramentas modernas de gestão, das quais falaremos a seguir, uma boa gestão deve proporcionar, no mínimo, os quatro benefícios listados abaixo:
- Diminuição do tempo de espera
Conseguido ao manter a pontualidade no horário marcado para o paciente, bem como na presteza do atendimento na recepção.
- Otimização do índice de ocupação do espaço hospitalar
Bastante importante para garantir o conforto e a serenidade do paciente que, muitas vezes, já chega tenso em função de sua situação como paciente. Essa ação contribui para a preservação, não apenas do paciente, como também da equipe.
- Aumento do grau de satisfação do paciente
Fator de grande importância, principalmente quando se considera que além de paciente, ele é também um cliente que está pagando por um serviço. É importante lembrar que muitos, senão todos os pacientes, têm consciência desse detalhe.
- Eficiência na operação dos processos
Garantia de que não haverá sobrecarga de trabalho, nem tempo ocioso, mantendo o gerenciamento de fluxos de pacientes sempre em conformidade com a capacidade operacional.
Softwares de gerenciamento de fluxos de paciente
Atualmente, não existe meio melhor de melhorar o gerenciamento de fluxos de pacientes do que através do uso da tecnologia. Os programas de computador, ou softwares, estão presentes não apenas nas empresas da área de saúde, mas em todos os setores empresariais. Com efeito, a tecnologia, em sua contínua expansão, facilita o trabalho humano em todas as áreas do conhecimento.
O setor de clínicas médicas e hospitais conta com pelo menos quatro ferramentas eletrônicas: RIS, LIS, CIS, HIS, as quais atuam desde o atendimento do paciente até a gestão financeira das instituições.
Esses sistemas, que funcionam de modo isolado ou integrado, atuam desde o atendimento ao paciente até a gestão financeira da instituição, passando pela realização de exames e troca de informações entre instituições médicas.
RIS – SISTEMA DE INFORMAÇÕES RADIOLÓGICAS
Esse sistema atua a partir do agendamento, controla o fluxo de realização dos exames e do diagnóstico e registra a entrega do resultado.
As funcionalidades do RIS permitem solucionar dificuldades de planejamento, relacionamento com o paciente e da qualidade do serviço prestado. Como resultado, o sistema oferece um significativo aumento na produtividade. Aliás, o aumento na produtividade é uma característica básica de todos esses softwares.
CIS – SISTEMA DE INFORMAÇÕES CLÍNICAS
O CIS é um sistema que integra diversas funcionalidades com o objetivo de otimizar a organização das atividades em uma clínica médica. Nesse sentido, o sistema organiza e padroniza os processos rotineiros em uma clínica médica, a saber:
- Entrevista de anamnese;
- Avaliação clínica do paciente;
- Realização e acompanhamento de exames;
- Determinação do diagnóstico;
- Planejamento e acompanhamento do tratamento;
- Finalização Tratamento – alta.
As informações ficam disponíveis em todos os níveis do atendimento, facilitando o acesso em qualquer estágio da jornada do paciente na instituição. Assim, o sistema cria um histórico clínico com todos os dados, que incluem os procedimentos desde a primeira consulta até a alta do paciente.
LIS – SISTEMA DE INFORMAÇÕES LABORATORIAIS
O LIS é um programa de TI direcionado para coordenar as atividades de um laboratório de análises clínicas. Isso inclui agilizar os processos, reduzir os índices de erros e, por conseguinte, aumentar, tanto a qualidade na prestação do serviço quanto a produtividade dos profissionais e da instituição.
Desse modo, o LIS automatiza o envio de pedidos de exames, que chegam ao laboratório em tempo real. Além disso, o sistema registra e armazena, não apenas os pedidos, como também os resultados, com data de realização, entrega dos exames e os demais processos que compõem a rotina de um laboratório clínico.
HIS – SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES
O HIS é um sistema mais robusto, que agrupa um maior número de funcionalidades, já que se destina ao uso em hospitais. Assim sendo, o HIS gerencia, não apenas as atividades que se relacionam à saúde, mas todas as atividades do hospital.
Essa versatilidade do sistema HIS permite gerenciar a área administrativa em seus diversos aspectos, como o operacional, legal e financeiro. O software integra tanto a comunicação interna quanto externa. Isso agiliza os processos que envolvam as atividades de organizações parceiras necessárias ao bom funcionamento do hospital.
A capacidade do HIS de se integrar aos outros sistemas, como o RIS e o PACS, por exemplo, faz com que muitos o considerem como o “cérebro eletrônico” de um hospital. Sem dúvida, um “cérebro eletrônico” pode contribuir muito para o gerenciamento de fluxos de pacientes.
A complexidade do sistema HIS não o torna difícil de usar, nem exige habilidades extraordinárias de informática. Por outro lado, permite que ele execute as tarefas de outros sistemas mais simples como o CIS. Ao mesmo tempo, essa complexidade inviabiliza a descrição total do sistema em um artigo dessa categoria.
Se você deseja se aprofundar no conhecimento dos sistemas aqui apresentados, sugiro o trabalho acadêmico “Integrando Sistemas de Auxílio ao Diagnóstico no Sistema Gerenciador de Imagens Médicas” disponível no site da Universidade de São Paulo (USP).
Considerações finais sobre o gerenciamento de fluxos de pacientes
A tecnologia é uma ferramenta indispensável na vida moderna, e está presente em todos os setores. Na área médica existem diferentes empresas que atuam na criação de softwares que fazem uso de inteligência artificial. Decerto que essas ferramentas têm um custo, que varia em função das funcionalidades que elas oferecem.
Contudo, quando analisamos o contexto social em que vivemos, verificamos que o paciente-cliente prefere pagar mais por um serviço que lhe ofereça a segurança e a comodidade que só a alta tecnologia pode disponibilizar. Por fim, o uso da tecnologia no gerenciamento de fluxos de pacientes, integrado a outros sistemas, acaba impactando o funcionamento geral da instituição médica. Impacto esse que se reflete desde a entrada do paciente no ambiente do hospital ou clínica, até a satisfação dele por ter escolhido a instituição certa.